O que vem primeiro, o propósito ou o business plan? No caso do curitibano Jacson Fressatto, uma tragédia pessoal: a perda da filha de 18 dias de vida em 2010, vítima de uma infecção hospitalar conhecida como sepse. Movido pela dor, Fressatto, que era formado em análise de sistemas e especialista em segurança corporativa, investiu todo o seu tempo e seus recursos, vendendo casa e carro, para montar um sistema de computação cognitiva para ajudar hospitais no combate à sepse.

Depois de tentativas frustradas de conseguir apoio governamental, Fressatto encontrou Cristian Rocha, especialista em inteligência artificial que o ajudou a criar uma robô. Laura é um sistema de interoperabilidade de dados, baseados em uma IA que se conecta nos sistemas do hospital, do laboratório, na farmácia da instituição, coleta dados da unidade de terapia intensiva e cruza os dados dessas diferentes fontes para fornecer aos médicos uma análise preditiva da condição do paciente. “A grande vantagem que Laura traz é identificar casos críticos de sepse muito mais rapidamente do que a equipe médica.” O resultado: lançada em 2016, Laura já salvou mais de 9 mil vidas segundo o cientista de dados pertencente à equipe da Laura, Felipe Barletta. A robô já recebeu vários prêmios internacionais de inovação e está sendo utilizada em seis hospitais do Paraná e de Minas Gerais.

Este ano será o momento do grande salto de Laura. O plano é ampliar a atuação de seis para 100 instituições Brasil afora. “Iniciamos o projeto em hospitais filantrópicos porque eles cuidam de 60% do atendimento hospitalar no País”, diz Fressatto. “Já a rede pública é um problema devido à burocracia. Tentamos durante dois anos doar a IA Laura para a Prefeitura de Curitiba e não conseguimos devido a entraves burocráticos. Mas já temos projetos em curso no Hospital A.C.Camargo em São Paulo com ótima aceitação.” Laura também está entrando em outros países, com parcerias na América Latina e nos EUA, e ganhando irmãos mais novos, com produtos para a indústria, vendas e logística.