Um garçom que trabalha para uma família milionária é atropelado enquanto anda de bicicleta e o responsável foge. Essa é a trama básica do filme italiano "Capital humano", que parece, à primeira vista, um filme de suspense sobre quem atropelou o rapaz e como escapará da punição. No entanto, conforme o enredo evolui, diferentes perspectivas vão sendo apresentadas, e quem era inocente passa a ser culpado, e quem era vilão ganha alguns tons de vítima.

Mais ou menos a mesma linha é abordada no filme "O filho do outro", em que duas crianças nascem sob um bombardeio e são trocadas na maternidade – a palestina é entregue à família israelense e vice-versa.  Quando o jovem supostamente judeu precisa servir o Exército e descobre que seu sangue não é compatível com o dos pais, a confusão vem à tona, e, com ela, um drama sobre as diferenças e as perspectivas diferentes. O que fazer quando você descobre que pertence ao grupo a quem tanto criticava? 

Exibo aqui meu lado cinéfilo, porque estou convencido de que multiplicar perspectivas nunca foi tão importante como agora, em todos os fronts, incluindo o empresarial. Não é possível trocar de família judia para uma muçulmana para ver o que o outro enxerga, como no segundo filme, mas  há uma maneira de fazer isso: exercitando a empatia. Em especial no caso da liderança, não há como um líder liderar sem se colocar no lugar dos outros, sem entender que há pontos de vista diferentes do seu, sem aceitar que seu ponto de vista não é um retrato fiel da realidade.